Passeata organizada nesta quinta-feira (18 de junho) pelo Fórum das Seis – que congrega as entidades representativas de professores, servidores e estudantes da USP, Unesp e UNICAMP – levou mais de cinco mil pessoas às ruas no centro da capital. Os manifestantes se concentraram no vão livre do MASP (na avenida Paulista) a partir do meio dia e seguiram em passeata pela avenida Brigadeiro Luiz Antônio até o Largo de São Francisco, na Faculdade de Direito da USP. O prédio histórico, no entanto, estava fechado por determinação do diretor e postulante ao cargo de reitor, Grandino Rodas – o mesmo que chamou a tropa de choque em 2007 para reprimir uma ocupação pacífica realizada por estudantes e militantes de diversos movimentos sociais.
Com fitas amarelas amarradas nos braços ou camisetas também amarelas, vários manifestantes lembravam a campanha das “Diretas já!”. Simbolicamente a manifestação foi encerrada no mesmo largo onde, em 1977, centenas de professores e estudantes da Faculdade de Direito lançaram a “Carta aos Brasileiros” – documento que denunciava as atrocidades da ditadura militar e exigia democracia no país.
O jurista e professor aposentado da Faculdade de Direito, Fábio Konder Comparato, um dos signatários da carta de 1977, fez um discurso que emocionou os presentes. “A universidade pública pertence ao povo porque é mantida, sobretudo, com o dinheiro arrecadado fundamentalmente dos pobres: o ICMS – um imposto regressivo, pois quem ganha mais paga menos e quem ganha menos paga mais. Mas a universidade pública está servindo aos ricos. É contra isso que precisamos nos levantar. Se a universidade pública pertence ao povo, não pode fechar as portas ao povo”, disse.
Comparato também lembrou que “os estudantes foram qualificados de bandidos e subversivos [quando ocuparam a reitoria da USP, também em 2007]. E quem fecha a Faculdade de Direito, como deve ser classificado?”. O jurista defendeu ainda as eleições diretas para escolha do reitor da Universidade de São Paulo e a composição paritária do Conselho Universitário, denunciando que “há sempre um grupelho que domina essa ou aquela unidade”. E foi efusivamente aplaudido ao afirmar ainda que “quando não há confiança entre os dirigentes e os dirigidos, os dirigentes devem sair da direção”.
Os deputados eleitos pelo PSOL Carlos Giannazi (estadual) e Ivan Valente (federal). A Conlutas, a Intersindical, a Apeoesp, o Sinsprev, e dezenas de entidades do movimento sindical também manifestação apoio à luta pela saída imediata da PM da USP, a destituição da reitora Suely Vilela e a reabertura das negociações do CRUESP (conselho de reitores) com o Fórum das Seis.
O diretor da Fasubra (Federação dos Sindicatos de Servidores Técnico Administrativos nas Universidades Brasileiras) Rogério Marzola, lembrou ainda a greve dos trabalhadores do INSS. “A política da reitora da USP não é isolada. É parte da política que o governo Serra quer implantar no Estado, que substitui o ensino de qualidade por cursos virtuais com manuais copiados do Banco Mundial. É parte da política de criminalização dos movimentos sociais, como vem acontecendo com a greve dos trabalhadores do INSS, iniciada na última terça-feira, que teve uma liminar concedida pelo judiciário ao governo antes mesmo do início da greve”.
Na próxima segunda-feira (22 de junho), acontece a reunião do CRUESP na reitoria da USP, às 14 horas. No mesmo horário, haverá um novo protesto com o lema “Fora a PM e Suely Vilela da USP”.
FONTE: SINSPREV 18/06/2009 21:09:23
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