Empresários e políticos da cidade de Limeira-SP e região estão a propor mobilizações para protestar contra a expansão do MST no Horto Florestal. Entre as ameaças, inclui-se a proposta de ocupar a Rodovia Anhanguera.
Em abril de 2007, famílias das cidades do interior de São Paulo: Limeira, Campinas, Sumaré, Araras, Hortolândia, Cosmópolis e Engenheiro Coelho ocuparam uma área de monocultivo de cana-de-açúcar na cidade de Limeira, e lá formaram a Comuna da Terra Elizabeth Teixeira do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]. Apesar de a área pertencer à antiga Rede Ferroviária Federal, e por isto ser de propriedade da União, a prefeitura do município, em novembro daquele ano, expulsou violentamente as famílias, soterrando seus instrumentos de trabalho e destruindo as plantações que, em sete meses, já os proviam de alimentos de qualidade para consumo próprio e para o comércio local. Os trabalhadores e trabalhadoras sem-terra não se intimidaram com a repressão e após 12 dias voltaram a ocupar a área.
Área pública que, antes da ocupação de 2007, tinha apenas 1/3 de seu espaço utilizado, para atividades muito populares e sociais, tais como, um clube de aeromodelismo e uma pista de kart mantidos pelos empresários da região, além de abrigar um lixão, próximo ao centro de visitação do Horto Florestal.
As famílias acampadas foram cadastradas pelo INCRA [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] e incluídas no programa de Reforma Agrária do governo federal, contudo ainda não foi efetivado o processo de assentamento na área ocupada.
Como desde os tempos mais remotos as classes dominantes expulsam os trabalhadores de suas terras e meios de subsistência - sendo mesmo difícil fazer a diferenciação entre o latifúndio colonial e o latifúndio moderno -, os empresários de Limeira e região, com o apoio do executivo e do legislativo, inconformados com o fim de seus trabalhos sociais (a pista de kart e o clube de aeromodelismo), estão a propor mobilizações para protestar contra a expansão da ocupação do Movimento Sem-Terra no Horto Florestal. Entre estas mobilizações, cogita-se a possibilidade de ocupar a Rodovia Anhanguera e promover um show, dando ingressos e camisetas [t-shirts] de graça para quem participar do protesto, e fornecer transporte coletivo e gratuito, apenas para o ato, claro.
Ora, resta saber se, ao paralisarem a rodovia, os empresários terão a mesma resposta truculenta por parte da polícia. E quais serão as outras propostas dos iluminados empresários e políticos? Ocupar a casa dos trabalhadores? Ou então plantarem eles mesmos sua alimentação e a da população? Promoverem a autogestão das fábricas e cooperativas? Passarem eles próprios a alfabetizar jovens e adultos? Criarem cirandas [creches com jogos] para as crianças? Promoverem a democracia de base e a luta pelos direitos sociais da população mais pobre e necessitada? Aliás, pensando melhor, não seria o caso que estes políticos e empresários entrassem para o MST? Viva a companheirada!
Fonte: Passa Palavra
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