A prevenção constitui a principal forma de combater o crime de violência sexual contra crianças e adolescentes. Uma pesquisa realizada pela Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), em 2005, chamou a atenção o grande número de denúncias identificadas no bairros Serrinha e Jangurussu. Como resposta, o Município criou núcleos de prevenção ao crime nos dois bairros. “Existem várias formas de violência, por isso é importante não negar, mas afirmar os direitos sexuais de crianças e adolescentes”, observa Nadja Bortolotti.
A sexualidade humana, sobretudo desses dois grupos, ainda é vista como tabu. “Quanto mais guardada, há menos possibilidade de ser discutida com a família”. O pensamento é compartilhado com a promotora Edna Lopes, que defende a discussão do tema junto à família. Ela atenta para outro aspecto: o uso da Internet por crianças e adolescentes. Recomenda que os pais acompanhem.
A psicóloga da Rede Aquarela, Lucy Ana Marcello Frangipani, adverte: “De qual família estamos falando?”, lembrando que a família nuclear não existe mais. “Em alguns casos, as crianças são cuidadas pelas avós” . Conforme a psicóloga, a criança vai em busca de conhecer tudo, por isso é necessário a orientação da família.
“Às vezes a criança é iniciada muito cedo através do abuso, isso é grave. Há casos de meninas de seis anos sentindo prazer genital”, lamenta. Aconselha aos pais não deixarem os filhos pequenos acessarem a Internet sozinhos.
No sentido de prevenir a exploração, o tema passa a fazer parte das discussões nas escolas e faz parte dos currículos das universidades em cursos voltados à formação de professores, destaca a deputada Lívia Arruda. Indiferente às ações, legislação e blitze, o crime parece desafiar as autoridades e os cidadãos comuns. Em locais como as avenidas Coronel Carvalho, Alberto Craveiro e Raul Barbosa, é possível observar flagrantes de exploração, a qualquer hora do dia.
Adolescentes são vistas ao longo dessas ruas e avenidas, que se transformam em “vitrines” e elas, modelos vivos de um comércio, regido pela lei da oferta e da procura. Podem ser vistos garotas e homossexuais masculinos, como na avenida Juscelino Kubitschek, continuação da Alberto Craveiro. O ponto fica próximo ao local onde funciona o núcleo da Rede Aquarela, na Serrinha.
O trabalho é feito com duas associações comunitárias e forma multiplicadores. As discussões incluem gênero, corpo e sexualidade. Camylla do Nascimento e Deysiane da Silva, 14 anos, respectivamente, 8ªsérie, são multiplicadoras. “Antes de participar, a gente não entendia nada sobre exploração sexual”, reconhecem.
Fonte: Diário do Nordeste
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