"Integro um movimento que congrega cerca de cem entidades e, com a comunidade, estamos contribuindo com a campanha Paraisópolis Exige Respeito.
Quando soubemos da visita do grupo de curadores da Bienal de Roterdã à comunidade de Paraisópolis ("Diretores da Bienal de Roterdã vão a favela e são hostilizados", Cotidiano, 9/ 6), decidimos mostrar o outro lado da urbanização (morte em abrigo da prefeitura, despejos de forma violenta com aparato policial, tratores destruindo casa quando a proprietária busca os filhos na creche).
Organizamo-nos com camisetas da campanha e faixas mostrando nossa indignação. Encontramos o grupo de curadores em uma viela e paramos em frente aos carros, solicitando que fôssemos escutados.
Aguardou-se pacificamente que um representante viesse dialogar com o grupo.
Vieram conversar com os manifestantes o arquiteto venezuelano e os repórteres presentes -inclusive o repórter da Folha, que entrevistou vários moradores. Os manifestantes exigiam moradia e respeito e conseguiram marcar uma reunião com a senhora Elizabeth França.
E foi com espanto que lemos a reportagem da Folha, que transformou uma manifestação pacífica de moradores em ato de vandalismo.
Não é verdade que a "favela recebeu o diretor da Bienal holandesa a pedradas". A comunidade recebeu-o com uma manifestação, e a foto do texto comprova o ato pacífico. O grupo não hostilizou os estrangeiros. O objetivo era um diálogo, que ocorreu sem problemas -e só pôde ocorrer por causa da manifestação.
Gostaríamos de saber por que o repórter não escreveu o que ouviu da comunidade? O que motivou o repórter a só apresentar um ponto de vista? A Folha deixou de ter responsabilidade com a comunidade?
Não busca se diferenciar dos jornais sensacionalistas? Por que o repórter fez questão de ressaltar o lado agressivo (que não ocorreu por parte dos manifestantes) em detrimento da verdade?"
MARISA FEFFERMANN , campanha Paraisópolis Exige Respeito (São Paulo, SP)
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1506200910.htm
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