Infância Urgente

quarta-feira, 4 de março de 2009

JOVENS NEGROS SÃO AS MAIORES VÍTIMAS DE AGRESSÕES NO BRASIL

BRASÍLIA (Agência Brasil), 3 de março - Análise do Ministério da Saúde
sobre
os 35 municípios brasileiros considerados mais violentos mostra que os
grupos sociais historicamente mais vulneráveis são também aqueles com maior
número de vítimas de agressões.

Em um universo de 4.854 registros de pessoas agredidas e atendidas em
pronto-socorro, quase 70% das vítimas são negras ou pardas, mais de 61% dos
casos ocorreram com quem tem até oito anos de estudo (ensino fundamental) e
menos de 30 anos (69,6%).

Os homens são as principais vítimas da violência - 73,8% dos casos. As
mulheres, no entanto, são as que mais sofrem com os denominados “maus
tratos”, a agressão doméstica, crônica e repetitiva, cujo autor é um
homem
do convívio familiar (marido, pai, companheiro ou namorado).

Setenta e dois por cento dos casos de maus tratos atingem as mulheres em
diversas faixas etárias. “A mulher é vítima em todos os ciclos de sua
vida”,
diz Marta Silva, coordenadora da área de prevenção de violências do
Ministério da Saúde, que lembra a relação de poder e posse que ocorre no
relacionamento entre os gêneros, pais e filhos.

Marta Silva avalia que a violência é um grande problema de saúde pública
que
está vinculada a questões econômicas, fatores de risco e comportamento
(machismo, homofobia e racismo). Em sua análise, a desigualdade é um aspecto
central: “a desigualdade propicia ter mais violência”, acredita.

O crescimento desordenado das cidades pode estar gerando um fenômeno também
percebido pelo Ministério da Saúde. Dados acumulados entre 1980 e 2006
revelam a interiorização da violência rumo às regiões não-metropolitanas.

Nesses 27 anos, o estado de Alagoas registrou a maior taxa de homicídio do
Brasil, seguido de Pernambuco e do Espírito Santo. Entre as cidades, Maceió
(AL), Jaboatão dos Guararapes e Recife (ambos em Pernambuco) tiveram as
maiores taxas.

“As cidades crescem, mas há uma série de problemas sociais que seguem”,
explica Marta Silva, relacionando a falta de infra-estrutura, a exclusão
social, a ingestão de drogas e álcool, a prostituição, o uso de armas e a
migração do crime organizado.

O Ministério da Saúde mantém o Disque 100 para denúncias de violência
contra
as crianças e adolescentes e o Disque 180 para denúncias de agressão contra
as mulheres. A notificação da violência nos atendimentos de emergência e
urgência é obrigatória e está prevista em lei (Estatuto da Criança e
Adolescente, Lei Maria da Penha e Estatuto do Idoso).


Por Gilberto Costa

Nenhum comentário: