Infância Urgente

sexta-feira, 6 de março de 2009

O S E G U N D O S E XO

SIMONE DE BEAUVOIR

Entendendo o eterno feminino como

um homólogo da alma negra, epítetos

que representam o desejo da casta dominadora

de manter em "seu lugar", isto

é, no lugar de vassalagem que escolheu

para eles, mulher e negro, Simone de

Beauvoir, despojada de qualquer preconceito,

elaborou um dos mais lúcidos e

interessantes estudos sobre a condição

feminina. Para ela a opressão se expressa

nos elogios às virtudes do bom negro,

de alma inconsciente, infantil e alegre,

do negro resignado, como na louvação

da mulher realmente mulher, isto é, frívola,

pueril, irresponsável, submetida ao

homem.

Todavia, não esquece Simone de Beauvoir

que a mulher é escrava de sua própria

situação: não tem passado, não tem

história, nem religião própria. Um negro

fanático pode desejar uma humanidade

inteiramente negra, destruindo o

resto com uma explosão atômica. Mas

a mulher mesmo em sonho não pode

exterminar os homens. O laço que a

une a seus opressores não é comparável

a nenhum outro. A divisão dos sexos é,

com efeito, um dado biológico e não um

momento da história humana.

Assim, à luz da moral existencialista,

da luta pela liberdade individual, Simone

de Beauvoir, em O Segundo Sexo, agora

em 4.a edição no Brasil, considera os

meios de um ser humano se realizar dentro

da condição feminina. Revela os

caminhos que lhe são abertos, a independência,

a superação das circunstâncias

que restringem a sua liberdade.

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