Infância Urgente

domingo, 8 de março de 2009

Mortes violentas crescem entre os jovens na região

Levantamento do IBGE aponta que 18,1% das vítimas tinham até 24 anos em 2007, contra 16,8% no ano anterior

Jovem se torna alvo da violência pelo maior comportamento de risco e uso de bebidas e drogas, afirmam especialistas

DA FOLHA RIBEIRÃO

O número de mortes violentas, principalmente entre jovens até 24 anos, cresceu na região de Ribeirão Preto, somadas as quatro maiores cidades da região. É o que revela o relatório Estatísticas de Registro Civil, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base nos dados de 2007.
Se os jovens representavam 16,8% das mortes violentas em 2006, o índice saltou para 18,1% no ano seguinte. Na opinião de especialistas, o jovem torna-se alvo da violência pelo comportamento de risco, como abuso de bebida alcoólica e drogas, assumido por ele mesmo ou, muitas vezes, pelo autor do crime, também jovem.
O relatório apresenta informações das mortes na população e de quais ocorreram por meios violentos, o que inclui homicídio, suicídio e acidentes de trânsito, entre outros.
Em 2007, 8,8% das 9.654 mortes ocorridas nas quatro cidades -Ribeirão, Franca, São Carlos e Araraquara- tiveram causa violenta. No ano anterior, a proporção foi menor: 8,4% das 9.898 mortes.
O crescimento deu-se nas cidades de Franca, São Carlos e Araraquara. A maior diferença foi registrada em São Carlos: a proporção de mortes violentas, que era de 8,6% em 2006, saltou para 10,7% em 2007.
Em Franca, avançou de 9,3% para 9,5% e, em Araraquara, de 7,4% para 8,3%. Somente em Ribeirão houve uma leve queda na proporção: as mortes violentas foram 8,3% do total em 2006 e no ano seguinte, 8,1%.

Vítimas jovens
Além de aumentar a proporção de mortes violentas, também cresceu a proporção de registros entre jovens de 15 a 24 anos. Foram 141 adolescentes e jovens mortos de forma violenta em 2006, número que aumentou para 154 no ano seguinte.
São vítimas cujas mortes brutais deixaram marcas nas famílias. A dona-de-casa Cristina Elaine Falconi de Oliveira, 44, guarda as roupas rasgadas usadas pelo filho Rubens, 16, atropelado em maio do ano passado em Ribeirão Preto. Já a dona-de-casa Angélica Borges, 58, ainda não consegue ficar sozinha na casa onde vivia com o filho Eder, 22, morto a tiros (leia texto nesta página).
Na opinião do psicólogo Sergio Kodato, do Observatório de Violência da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão, as mortes de perfil violento, em geral, se manifestam mais por autores dos crimes que se sentem motivados pelo clima geral de violência e de impunidade.
No caso dos jovens, Kodato atribui a alta ao comportamento imprudente da faixa etária, com um estilo de vida de se expor mais aos riscos, muitas vezes associado às drogas, álcool e brigas.
"Há um segmento entre os jovens que adota a violência como sentido para sua existência. Enxerga na violência um instrumento de poder", afirmou o especialista.
Ex-secretário nacional da Segurança Pública no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), José Vicente da Silva Filho disse que os acidentes de trânsito estão entre as maiores razões de mortes entre jovens.
"Como tem havido queda nos homicídios dolosos, os acidentes têm se destacado." Para Silva Filho, o álcool potencializa os acidentes. Uma das formas de prevenção é haver cooperação maior entre polícia e prefeitura para evitar acidentes em pontos perigosos e saídas de festas. (JULIANA COISSI)

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