Assistentes Sociais nas lutas sociais por uma nova ordem societária
O dia do Assistente Social simboliza a luta da categoria enquanto trabalhadores na defesa dos direitos afiançados pelas políticas públicas, entendidos como mediação para o aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida. Ou seja, a ampliação da democracia, mas com a finalidade de outra lógica que garanta justiça social.
O tema, escolhido democraticamente no encontro Cfess-Cress, “Socializar a riqueza para combater a desigualdade” indica a precisão de ruptura com uma ordem injusta, de concentração de renda, que só pode ser alterada por meio da articulação com os movimentos de outras categorias profissionais, que partilhem dos princípios deste Código, e com a luta geral dos trabalhadores.
Para Ivanete Boschetti, presidenta do Cfess, “a conquista de direitos no âmbito do capitalismo não pode ser vista como um fim, como um projeto em si,mas como via de transição a um padrão de civilidade que começa pelo reconhecimento e garantia de direitos no capitalismo, mas não se esgota nele”.
A questão não é apenas garantir acesso a bens e serviços. Por entender a riqueza como algo mais amplo, o conceito de sua socialização adotado pelo Serviço Social supõe também contribuir por meio do trabalho profissional para a construção de outra sociabilidade que garanta emancipação humana e a plena expressão de todos os sujeitos sociais. Além disso, é preciso também que o poder seja compartilhado, que haja uma efetiva participação política, uma mudança a ser gerada também no cotidiano das relações profissionais com os usuários dos serviços, na promoção da democracia nas culturas institucionais. Nesse sentido, o Conselho tem debatido a necessidade de mudanças radicais na relação entre Estado e sociedade civil.
Liberdade, valor central do projeto ético-político profissional, encontra porém grandes impedimentos de sua efetivação nos marcos do capitalismo, exigindo para a plena realização dos sujeitos, a luta pela superação desta lógica. Isso significa se posicionar na defesa intransigente dos direitos humanos. Essa é a agenda que unifica politicamente o Conjunto Cfess-Cress em torno de um mesmo projeto.
Para Áurea Satomi Fuziwara, presidenta do Cress-SP, o tema tem consonância com a plataforma política da Gestão AmpliaçõeSS, legitimada pela categoria, de valorização profissional vinculada à defesa de direitos e políticas públicas. “Se em décadas anteriores a categoria construiu nas lutas e nas bases teóricas críticas - em especial da tradição marxista - os fundamentos teórico-metodológicos do projeto ético-político profissional, vivemos atualmente o desafio de implementá-lo em um contexto de agravamento da ânsia punitiva, do Estado penal, da precarização e privatizações de direitos e serviços públicos, violações inerentes ao capitalismo contemporâneo”. “Frente à perda de direitos dos trabalhadores e a mercantilização do ensino, é evidente a necessidade de maior politização e articulação entre os sujeitos coletivos que buscam caminhos para a superação que defendemos.”, conclui a presidenta.
Reafirmar as atribuições e competências profissionais, que envolve a elaboração, planejamento, avaliação e execução das políticas sociais é fundamental nesse contexto. Nesse sentido, o profissional deve potencializar seu lugar privilegiado, já que durante a execução ele pode identificar as várias demandas sociais que refletem ausência ou fragilidade na efetivação de direitos, questão central para a Gestão AmpliAçõeSS.
Ao defender uma atuação profissional em consonância com o projeto ético-político, Áurea salienta que ela não pode estar desvinculada das demais lutas dos trabalhadores. “Somente podemos garantir esse entendimento político ao lado da classe trabalhadora, ao nos vincularmos a outras lutas, porém tendo, ao mesmo tempo, a clareza sobre a contribuição particular da profissão e a construção coletiva permanente”.
Este projeto profissional hegemônico da categoria vincula-se a um projeto societário antagônico ao das classes exploradoras, e exige lutar contra o movimento conservador e opressor. Ele está sendo materializado no movimento pela memória que culminará no evento dos 30 anos do Congresso da Virada, aprovado no Encontro Nacional e em organização pelo Cfess e Cress-SP. Tratar da história da categoria na luta dos trabalhadores empreendidas no processo democrático é reafirmar a opção pela construção de uma nova ordem societária.
Texo enviado por aurea Fuziwara
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