Dos 14 milhões de analfabetos do país, 547 mil frequentavam cursos de alfabetização de adultos em setembro de 2007
Para André Lazaro, do MEC, é preciso melhorar a qualidade dos cursos, ainda pouco atraentes e com metodologia ultrapassada
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Para um país que ostenta altas taxas de repetência e evasão, um caminho natural para acelerar a escolarização seria a educação de jovens e adultos (antigos supletivos). No entanto, uma pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostra que 43% dos 8 milhões de brasileiros que já frequentaram esses cursos não os concluíram.
Os motivos mais citados para o abandono foram a falta de horário compatível com o trabalho (28%) ou com os afazeres domésticos (14%).
Esta foi a primeira vez que o instituto investigou, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2007, especificamente este segmento, além da educação profissional.
A pesquisa informa que a frequência a cursos de alfabetização de adultos em setembro de 2007 era de apenas 547 mil pessoas. O país tem 14 milhões de analfabetos.
Para o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, André Lazaro, é natural que a evasão em supletivos seja maior do que em outros níveis, pois se trata de um público que precisa conciliar o horário de trabalho com os estudos.
Mas ele admite que é preciso melhorar a qualidade dos cursos, ainda pouco atraentes e com metodologia ultrapassada, e, mais importante, atrair mais pessoas de volta à sala.
"O que mais preocupa não é a evasão, mas o fato de haver pouca procura pela educação de jovens e adultos, já que temos uma população adulta ainda pouco escolarizada", diz.
Sobre o pequeno número de matriculados na alfabetização de adultos, Lázaro afirma que, por serem cursos de curta duração, a pesquisa do IBGE -cujo mês de referência é setembro- não capta o total de matriculados num ano.
Para ele, é preciso considerar que a frequência cresceu. Do total de 1,9 milhão de adultos que afirmaram já terem feito esses cursos, 991 mil cursaram entre 2003 e 2007.
Educação profissional
O IBGE investigou também aspectos do ensino técnico e da graduação tecnológica (oferecidos apenas em instituições reconhecidas pelo poder público e seguindo diretrizes do MEC) e da qualificação profissional (cursos livres, que não precisam exigir escolaridade mínima e que podem ser oferecidos por qualquer instituição).
Do total de 159 milhões de brasileiros com mais de dez anos de idade, 6 milhões (4%) frequentavam algum tipo de curso da educação profissional e 30 milhões (19%) já haviam frequentado.
O curso mais comum na área de qualificação profissional foi o de informática, citado por 46% dos que estudavam ou já haviam estudado nesse segmento.
Foi este, por exemplo, o caso do porteiro Josias Caetano, 27. Ele já fez cursos de eletricista, telemarketing e administração, mas apostou principalmente nas aulas de informática.
Ele diz que pretende investir mais em sua formação nesses cursos. "Ainda não dá para largar o emprego de porteiro, mas esse é meu objetivo e hoje já tenho mais renda fazendo serviços de informática do que trabalhando em prédio", diz.
Este é o mesmo caso da babá Maria Dulcicleia da Silva, 33. Ela já fez cursos de informática, mas hoje investe no inglês com a esperança de conseguir trabalhar como secretária.
Já no ensino técnico de nível médio -que é regulamentado pelo MEC e de maior duração- a maior oferta de cursos estava na área de saúde (43%), seguido de informática (14%), indústria (11%) e gestão (10%).
Fonte:FSP
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