Infância Urgente

domingo, 31 de maio de 2009

Depois da absolvição, mãe que teve filho assassinado inicia greve de fome

31/05/2009 - 13h55 (Daniella Zanotti - gazeta online)

Revoltada com a absolvição, na última sexta-feira, de dois policiais militares que eram apontados pelo Ministério Público como os executores do filho dele, Pedro Nacort, morto há dez anos, Maria das Graças Nacort, iniciou neste domingo uma greve de fome e resolveu acampar em frente à sede do Ministério Público Estadual, na Enseada do Suá, em Vitória.


Por volta das 12h deste domingo (31), a presidente da Associação de Mães e Familiares de Vítimas da Violência (Amafav-ES), Maria das Graças Nacort, espalhou faixas de protesto e fotos de vítimas que foram assassinadas nos últimos anos no Espírito Santo, em frente a sede do MPES. Ela levou também um colchão e uma coberta para passar as noites na entidade. O protesto, segundo ela, é por tempo indeterminado.

Aos gritos, Maria das Graças chamou a atenção de quem passavou pelo local. "Minha comida será água. Eu não vou me calar. Dois promotores que não conheciam o caso acabaram prejudicando o processo. Não acredito na Justiça do Espírito Santo e só saio desse lugar morta", lamentou.

O júri popular inocentou na última sexta-feira (29), os soldados da Polícia Militar, Erivelton de Souza Pereira, conhecido como "Diabo Loiro", e Jeferson Zambalde Torezanie, por falta de provas. Os policiais eram acusados da morte de Pedro Nacort Filho, filho de Maria das Graçcas, crime que ocorreu em 1999. O adolescente foi morto com cerca de 20 tiros. Desde o assassinato de Pedro Nacort é que a mãe dele iniciou uma luta do Espírito Santo, cobrando das autoridades investigação e julgamento para as dezenas de crimes que ainda aguardam apuração, em especial os que envolviam policiais militares. Depois de aguardar por dez anos o juri do filho dela, ela se revoltou com o resultado.

O Ministério Público Estadual (MPES) informou, por meio da asessoria de imprensa, que já tomou todas as medidas necessárias para providenciar o recurso a sentença no prazo legal. Em relação a senhora Maria das Graças, ela já foi informada dessa situação e tem horário agendado com o Procurador Geral de Justiça para a manhã desta seguranda-feira (01). O MPES entende que ela tem o livre direito de se manifestar.

Padre Xavier esteve no local do protesto

No final da tarde deste domingo, o coordenador da Pastoral do Menor, Padre Xavier Paolilo, esteve no local do protesto para dar apoio a manifestação de Maria das Graças. "Independente de quem sejam os responsáveis por esse crime, há a dor de uma mãe que está sofrendo por impunidade. Ela precisa chamar atenção da sociedade e das autoridades porque é preciso reverter o quadro de impunidade que está instaurado no Espírito Santo. Outras mães que perderam seus filhos, deveriam estar aqui, unidas a dona Maria das Graças porque precisamos reverter esse quadro de violência".

Nenhum comentário: