A irresponsabilidade da prefeitura fez mais uma vítima em Paraisópolis. Na noite de sábado, dia 2 de maio, morreu Maria de Lourdes Oliveira Silva, 56 anos, que morava em um alojamento da prefeitura, próximo ao CÉU Paraisópolis.
Maria escutava música, quando um curto-circuito iniciou um incêndio em sua casa. Como o alojamento não possuía extintores, os vizinhos e familiares tiveram que buscar baldes e mangueiras nas redondezas para poderem apagar o fogo. Segundo os moradores, os bombeiros não demoraram a chegar, mas como havia apenas uma saída em cada alojamento, Maria de Lourdes ficou presa e foi intoxicada pela fumaça.
Entretanto, não é a primeira vez que acontecem incêndios neste alojamento. Há seis meses, um curto-circuito fez com que outra moradora perdesse todos os seus bens, e os habitantes narram que é muito comum as tomadas estourarem ou os eletrodomésticos queimarem no local.
O mais lamentável, entretanto, foi a posição da prefeitura em relação à família da vítima. Da casa em que ocorreu o incêndio só restaram destroços, e mesmo assim as autoridades não cederam nenhum tipo de abrigo provisório às outras oito pessoas, dentre elas 5 crianças, que moravam no local.
A prefeitura disse à filha de Maria de Lourdes que esperasse 15 dias para conseguir um aluguel. A família, entretanto, não tem comida, abrigo, roupas ou documentos, e está sobrevivendo graças à ajuda dos vizinhos.
Segundo a prefeitura, o abrigo em questão seria apenas provisório, e abrigaria as famílias que moravam em área de risco enquanto não ficam prontas suas novas casas. A prefeitura afirmou que o tempo máximo de permanência no local seria um ano, mas a maioria das famílias estão lá há dois ou três anos.
Estes alojamentos não têm a mínima condição de receber os moradores. Além de não terem itens para combater incêndios, são muito pequenos, com apenas um cômodo e um banheiro. Uma moradora ainda narrou que já achou aranhas caranguejeiras, escorpiões e cobras em sua casa, aonde mora com seus cinco filhos pequenos.
A prefeitura não permite que os moradores façam nenhum tipo de mudança na estrutura da casa, nem mesmo a colocação de grades de segurança nas janelas, além de não permitir a instalação de internet ou telefones no local.
Manifestação
Indignados com essa situação, os moradores do alojamento e de diversas outras partes de Paraisópolis se reuniram e se dirigiram à sede da Planova, responsável pela construção das instalações provisórias.
Lá eles ocuparam uma sala, e informaram que não sairiam enquanto não fossem atendidos. Algum tempo depois apareceram alguns funcionários da prefeitura, que informaram que não poderiam atender as reivindicações, apenas encaminhar aos órgãos responsáveis. A população então pediu para que os representantes destes órgãos fossem chamados.
Algum tempo depois, enquanto os moradores esperavam, os funcionários da prefeitura saíram correndo do local, sem prestar nenhum tipo de esclarecimento. Alguns momentos depois, por volta de quatro viaturas e nove motos da Polícia Militar e quatro carros da guarda civil metropolitana chegaram ao local, alegando que alguém tinha informado que os moradores mantinham reféns no local.
Não se sabe quem transmitiu essa informação, mas, ao perceber que a manifestação era pacífica, o efetivo policial foi pouco a pouco saindo do local.
Horas depois, alguns responsáveis pela obra chegaram ao local, e uma comissão de cinco moradores realizou uma reunião entre ambas as partes. Após esta reunião, foi definido que será marcada uma reunião em breve com a sub-prefeitura do Campo Limpo e que a família que teve a casa queimada ficará provisoriamente em uma casa alugada pela prefeitura.
A campanha Paraisópolis Exige Respeito, no entanto, continuará fazendo ações para que todas as famílias que moram nos alojamentos da prefeitura tenham condições dignas de sobrevivência.
do blog:http://campanhaparaisopolis.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário